A sensação que eu tive ao chegar em Purmamarca era de ter voltado ao tempo. Um tempo que eu não vivi, só vi em filme. Mas um tempo gostoso e cheio de tranquilidade. Ruas de rípio (uma mistura de chão batido com areia e pedrinhas), nenhum prédio alto, casas em tons ocre feitas de adobe e quase sem sinal de internet.
Uma vila no meio do nada na província de Jujuy, no Norte da Argentina, mas cheia de tudo. A cidade pequena em tamanho e número de pessoas recebe milhares de turistas do mundo todo durante diferentes períodos do ano. Fica a 65km de San Salvador de Jujuy, capital da província de Jujuy, no norte do país vizinho. Dona de uma simplicidade no estilo de vida, comidas saborosas e cores por todos os lados, Purmamarca pode ser um destino que você nunca pensou, mas deveria colocar na lista de viagens.
A vila, com pouco mais de 3 mil habitantes, pertence a Quebrada de Humahuaca, uma região no norte da Argentina, repleta de morros coloridos por conta da formação geológica. Cores que contrastam com o céu azul e combinam com as cores em tons de marrom das casas. Parece que tudo foi pintato a mão, por algum artista delicado.
O mais famoso ponto turístico é o Cerro de Los Siete Colores, um dos cartões postais da região, que fica bem no meio do povoado. É visto por todos os cantos: seja no hotel, em restaurantes ou andando pelas ruas. Uma dica é observar – do seu local preferido na vila – entre dez da manhã e meio-dia, quando o sol realça todas as cores e deixa a paisagem ainda mais impressionante. melhores locais da vila para observar as 7 cores.
O nome Purmamarca significa, na língua local, “Cidade da Terra Virgem” e hoje é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. E não é para menos: um centrinho aconchegante reúne artesãos, restautantes e pequenos cafés e mercadinhos. É possível apreciar o fim de tarde ou passar o dia observando os turistas que por ali circulam.
Tudo é pertinho e a gente não precisa de carro para se locomover – o que a gente adora em viagens! – Basta colocar um calçado confortável, protetor solar e garrafa de água. Fomos em dezembro e enfrentamos temperaturas altas durante o dia e tivemos que pegar um casaco e cachecol para a noite.
Quanto tempo ficar
Eu diria que é um lugar para passar dois ou três dias e ter contato com a simplicidade na sua mais valiosa forma de ser. Um lugar daqueles que a gente repensa a vida e agradece o mometo. A pouca estrutura é puro charme e faz da vila um ponto de encontro entre diferentes pessoas, de diferentes países.
Uma noite, num restaurante com poucas meses, dividimos o espaço com um cachorro e conhecemos um casal de franceses, que estava passando um mês na Argentina. Eles gostavam de vinho bom, hotel bem estruturado e comodidade de guia turístico.
No outro dia, conversamos com uma menina da Colômbia que estava rodando a América do Sul de bicicleta e vendia doces para pagar a pensão em um hostel. Compramos os doces e ajudamos ela na realização de um sonho.
E aí, que eu sempre me pergunto: o que nós – um casal brasileiro viajando de fusca – o casal da França e a menina da Colômbia tínhamos em comum? O amor pelo novo, a paixão pela aventura e o frio na barriga para o desconhcido. Eu acho que isso resume bem Purmamarca. Um ponto de encontro.
Na única praça da cidade a gente encontra artesãos e uma imensidão de mantas, cachecóis, ponchos e lembranças feitas de lã de alpaca. O jardim é feito cactos de várias espécies. Ali tem, também, a igreja de Santa Rosa, construída em 1648 e com pinturas originais de Cuzco.
Reserve um dia só para apreciar a cidade e esses detalhes. Caminhar e se perder entre as ruas. Conversar com os moradores locais e tentar entender a beleza da vida pacata e tão feliz. Um dia, pelo menos, para sentir tudo isso e ficar no centrinho admirando o momento.
Reserve, também, um dia para fazer com muita calma o trajeto do Paseo de los Colorados no centro de Purmamarca. É algo que tira o fôlego literalmente: uma caminhada de quase quatro quilômetros entre as montanhas que cercam a vila. É uma opção de passeio para o meio da tarde ou comecinho da manhã, onde é possível ver o nascer do sol. Além do exercício físico, a gente ficar sem fôlego ao dar de cara com as cores do lugar.
Como nosso tempo era curto, fizemos em um final de tarde e levamos quase 2h para completar o caminho. Porém, ficaria por lá mais horas. Tem gente que leva uma colcha e se esparrama no chão. Tem gente que faz picnic. Tem gente que fica por ali só admirando tanta beleza. Vale a pena.
Para chegar: é possível deixar o carro no centro, lá na praça e ir contornando o cemitério, ao lado da igreja. Não tem erro. Assim você conhece mais da cidadezinha. Nós deixamos o carro no hotel e fomos de lá mesmo passo a passo. Levamos 30 minutos. Sempre com calma.
Entre uma montanha e outra, as cores passam por todos os tons de vermelhos, chegam no marrom e se sobressaem no verde. Ainda tem toques de branco e laranja entre o caminho. O que deixa o passeio mais lindo ainda. Tem como fazer de carro, mas eu sugiro caminhar. É uma caminhada incrível.
Onde ficar:
A rede de hoteis da cidade cabe em todos os bolsos. Dos mais sofisticados em uma casa antiga aos hostels e pousadas simples e cheias de charme. Ainda tem a opção de camping para os mais aventureiros.
Nós ficamos num hotel boutique chamado Marques de Tojo. Ele é bem localizado, tem uma vista linda para o cerro, café da manhã delicioso e um atendimento especial. Tem estacionamento na frente e piscina nos fundos.
O que comer:
A culinária no Norte da Argentina é peculiar quanto o vilarejo e as montanhas. Recomendo experimentar os sabores, pedir coisas que você nunca comeu e se arriscar no novo. Por exemplo: o locro, é um ensopado à base de abóbora, feijão e milho, bem apimentado e bom para os frio das noites nas montanhas. Fica uma delícia com o vinho local, encontrado em quase todos os restaurantes e servidos em uma típica jarra de barro.
Já as humitas, bem comuns como lanche da tarde ou café da manhã, são parecidas com a nossa pamonha. Mas eu achei mais salgada. Tem ainda os tamales: uma massa de milho recheada de carne bem temperada, que vai muito bem com o vinho ou uma cerveja, se tiver quente a noite. E, claro, não deixe de experimentar as empanadas de queijo de cabra e charques. Lembre-se: viajar é, também, explorar novos sabores!
Mais do Norte da Argentina: conheça as Salinas Grandes , uma imensidão de sal a 72km de Purmamarca
Para acompanhar nossas aventuras, me segue lá
No Instagram: @nacaronadaale
No YouTube: aqui
.