Chegar na Bratislava já foi uma aventura antes mesmo do roteiro começar. Na nossa primeira viagem à Europa, a cidade ganhou um espaço na agenda pela história e vontade de se aventurar em um país completamente diferente do nosso. Fica entre Praga, na República Tcheca e Budapeste, na Hungria. Duas cidades que queríamos conhecer. Daí pensamos: por não arriscar um final de semana colocando nossos pés na Eslováquia.
Saímos de Praga no sábado, dia 9 de junho de 2018, cedo. No trem pouco se falava Inglês e a gente não entende nada de tcheco ou polonês ou silesiano ou seja lá qual for. Não entendemos nada e partimos para a mímica. Duas horas e pouco depois, chegamos na estação de trem da pequena cidade.
Antes de começar o roteiro, vamos contar um pouco de história.
Bratislava é a capital e maior cidade da Eslováquia. Tem pouco mais de 400 mil habitantes. Por muitos anos o território era parte do Reino da Hungria. Fazendo umas pesquisas, descobrimos que no século 16 o território foi invadido pelo Império Otomano virou a capital do Reino Húngaro, que na época se chamava Presburgo.
Dali em diante se tornou um lugar importante: sede da coroação de reis e rainhas por anos. Os eventos aconteciam na Catedral de São Martinho, que até hoje existe no centro histórico da cidade. Mas nem tudo foi alegrias: a cidade já passou por invasões, pragas, inundações, reforma religiosa. Até 1992 a Eslováquia e a República Tcheca eram Tchecoeslováquia. Depois de tantas guerras, regime comunista e constantes mudanças, houve a separação dos dois países de forma pacífica.
O país se tornou independente em 1993 e entrou para a União Europeia em 2004. Fica perto da fronteira com a Áustria e com a Hungria. Dá para ir visitar de trem, de barco ou de ônibus. Muita gente vai para ficar um dia. Nós resolvemos passar o final de semana e explorar um pouco mais. Fica a 66km de Viena e 200km de Budapeste.
Chegando lá.
He eles usam o euro e é proibido beber álcool na rua. Duas questões importantes para quando estamos viajando. Chegamos no meio da manhã, caminhamos até o hostel, olhamos as pessoas, observamos a arquitetura, trocamos de roupa e fomos caminhar na cidade um pouco sem rumo e com uma lista de lugares históricos para conhecer.
Caminhamos até uma praça cheia de pessoas de todas as cidades, falando em diferentes línguas. Era verão e tanta coisa acontecia: restaurantes abertos ao redor, pessoas caminhando, crianças andando de bicicletas. Um senhor vendendo balões de gás e outros carrinhos de pipoca. Era verão e as flores deixavam o lugar ainda mais bonito.
Estávamos na praça Hviezdoslavovo, a principal da cidade. Além dos restaurantes, prédios históricos e lugares para descansar, o local é cercado por lojas de todos os tipos de lembranças e produtos.
Perto do chafariz Roland (que fornece água de graça para a população e turistas), descobrimos um free walking tour: um tour de graça, em inglês, sobre a história, os pontos turísticos, a cultura. Tudo o que a gente gosta!
Descobrimos que o tour sai todos os dias na praça, às 11h e às 16h. Leva mais ou menos 4h.
Na praça tem um monumento em homenagem ao poeta eslovaco Pavol Országh Hviezdoslav e o Teatro Nacional da Eslováquia. Seguimos pelas ruas da cidade contemplando uma caminhada de 45 minutos até chegar ao castelo. No caminho, explicações sobre a cultura e história. Em alguns ângulos, conseguimos ver o Rio Danúbio, que corta as fronteiras da cidade.
Pela Cidade Velha fomos caminhando e observando a maioria dos prédios antigos. Passamos Catedral de São Martim (Katedrála svätého Martina), berço de vários momentos históricos. É A maior e talvez a mais antigas igreja de Bratislava. Pena que para entrar, precisamos pagar (não fomos). Ela parece um marco de dois mundos: uma cidade que perdeu boa parte de sua história com guerras, mas que se reergueu e se modernizou.
Prova disso é uma a UFO Bridge. Uma ponte moderna – inaugurada em 1972 – um dos símbolos da época comunista. É possível ver de vários pontos da cidade. Ela tem 460 metros de extensão no alto tem um observatório que mais parece um disco voador.
Chegamos ao Castelo da Bratislava (Bratislavský hrad), que fica no topo de uma colina, onde a cada passo da subida uma vista diferente.Tem uma praça ao redor e é um dos castelos mais simples da Europa, mas não menos impressionante.
Passou por um incêndio em 1811 e a reconstrução completa terminou em 1950. Neste tour ficamos pelo lado de fora do castelo, onde o passeio é de graça. Mas tem a possibilidade de conhecer ele por dentro e o ingresso na época era 8 euros por pessoa.
Mais uma caminhada por caminhos cheios de detalhes. Entre ruas com nomes quase que impronunciáveis, como Rybárska brána ou Panská, chegamos à Estátua de Cumil. Foi criada em 1997 e significa “observador”. É uma estátua de um trabalhador que estava ali, observando a movimentação.
Conta a história (são duas explicações, na verdade) que ele representa um trabalhador comunista que fazia o seu trabalho e obedecia as ordens que recebia. A outra versão é que se trata de um trabalhador que ficava ali parado olhando as pernas das mulheres que ali caminhavam.
Ninguém sabe ao certo qual das versões é verdade, mas todo mundo quer tirar foto com ele e passar a mão na cabeça. Dizem que isso garante que seu sonho ou desejo se torne real. Eu, para não ser diferente, garanti a foto e o desejo.
Não lembro bem a ordem dos pontos do passeio, mas anotei no caderno que passamos pela Porta de Miguel ( ou conhecida por lá como Michalská brána). Representa o marco zero da cidade e 51 metros de altura. Para subir nela é necessário pagar 4,5 euros (na época). É a única porta ou passagem que está intacta desde as fortificações medievais.
Quase 3 horas depois do começo do tour, passamos pela famosa Igreja Azul, mas não entramos. Ela tem um estilo barroco e art nouveau. Fica longe do centro histórico e não vimos nada demais, além da arquitetura diferente.
Passamos também pelo Memorial do Holocausto. Conta a história que ao lado da catedral existia uma sinagoga. Na década de 1970 essa sinagoga foi destruída pelo governo comunista, assim como outros prédios hstóricos dalo. A destruição foi para construir uma ponte. Hoje, no lugar onde antes era a Sinagoga, existe esse monumento.
Conforme a gente caminhava, os olhos enxergavam muitas marcas de uma história não bonita, mas importante de ser lembrada. Cada detalhe da fala da nossa guia fazia a gente pensar em tudo o que o país já passou.
Terminamos o tour na cidade “nova”, com construções mais frias, menos coloridas, menos atrativas. Mas interessante. Essa parte da cidade retrata na arquitetura o regime comunista. Dali voltamos para o hostel pelas ruas bem conservadas da cidade. Tomamos um banho e partimos para a noite.
Uma cidade de estátuas
Antes de contar da festinha que descobrimos, quero falar das famosas estátuas da Bratislava. Além do Cumil, existem várias outras: a Schoner Náci, representa um morador antigo e elegantes da cidade. Andava sempre de terno e chapéu, entregava flores e cantava para quem quisesse ouvir. Outra interessante: Napoleon´s Soldier – que homenageia Napoleão. Ele teria ido na cidade.
O que e onde comer:
Ah, as comidas da Eslovaquia. Que maravilha de sabor e de preço. Tem muita carne de porco, batata de todas as formas, queijos (especialmente em creme) e sopas. Um dos pratos típicos do país é um nhoque de batata com queijo de cabra ou de ovelha e bacon, chamado de Bryndzové halusky (ou potato dumplings).
Outro delicioso prato foi o Esnaková Polievka – é uma sopa de alho cremosa, coberta com queijo e servida dentro de um pão. Ainda tem o Bryndzone pirohy – um pirogi também com creme de queijo e bem temperado.
O bar-restaurante que mais gostamos foi Slovak Pub (nao confusa com o Slovack House, que serve como pegadinha de turista e nao tem nada de tradicional). O pub tem comida típica, fica perto do centro histórico, tem uma decoração legal e é bem grande. São mais de 10 salas e cada uma conta diferentes a história da Eslováquia.C
Ele abre perto do meio-dia e a cozinha funciona até 22h. Custou 3,5 euros a sopa e 5,50 euros o prato. Uma barbada! No mesmo estilo e com o mesmo cardápio – inclusive – tem o Flaf Ship que também tem uma decoração legal e fica mais perto da praça onde pegamos o tour.
Para beber:
A cerveja é mais barata que água. Sim, verdade. Dizem que a cerveja mais popular e mais vendida no país é a Zlaty Bazant e claro que a gente experimentou essa e outras. A noite foi de descobertas e novos amigos. Primeiro fomos em um bar para um aperitivo e cerveja. Depois entramos no Barrock – um local cheio de espaços com sofás, mesas, bares.
Preço bom, música boa, galera animada, despedida de solteiro e Star Wars. Esse foi o resumo da noite. No caso, meia-noite todas as mesas da rua são recolhidas e a galera fica dentro do bar. O show começa e a galera se anima. O bar fica aberto até 5h da manhã e posso dizer que foi uma noite e tanto. A foto pode provar:
Onde ficar:
Nós ficamos no Hostel Blues. Foram 48 dólares de diária com café da manhã. Um ambiente legal, diferente e cheio de gente de diferentes países. Leia mais aqui.
Para acompanhar nossas aventuras, me segue lá
No Instagram: @nacaronadaale
No YouTube: aqui