Quando o rapaz do hotel nos ofereceu um transporte privado para conhecer as Salinas Grandes, no Norte da Argentina, a gente desconfiou. Primeiro, porque sempre gostamos de ir aos locais caminhando ou com transporte público ou com o Fusca. Segundo, porque todas as vezes que tivemos um guia, foram em free walking tour pelas cidades. Mas, desta vez, aceitamos o passeio com o Jesus. Sim, esse era o nome do nosso guia, motorista e quase amigo que nos levou conhecer as Salinas Grandes, a 72 km de Pumamarca (leia o post).
Jesus nos pegou no hotel pontualmente 9h. Sorridente, foi logo tentando falar português num espanhol bem carregado. Era natural do vilarejo, não conhecia o Brasil, mas adorava trabalhar com brasileiros. Meio tímido, mas cheio de simpatia, Jesus foi subindo a montanha com calma, dando uma aula de conhecimento local. Parou em pontos estratégicos para mostrar a região, nos ajudou com fotos e explicou as tantas cores das montanhas.
Aprendemos sobre os Cardones, que geralmente florescem em outubro, mas tivemos a sorte de ver a flor em pleno calor de dezembro. Também conhecemos a penca, uma espécie de cacto mais rasteiro e não menos bonito. Jesus não só nos levou, mas como nos deu uma aula de conhecimento sobre a vegetação do lugar e a cultura local.
O caminho…
A cada curva da Ruta Nacional 52, que liga a Argentina ao Deserto do Atacama, a gente se impressionava mais com a beleza da paisagem. As curvas pareciam abraçar a montanha da Cuesta de Lipan. O ponto mais alto fica a 4,170 metros acima do nível do mar. No caminho, as vicunhas: primas das alpacas e das lhamas, é o menor bicho da turma, podendo pesar até 40 kg. Super fofo!
Num canto da estrada, duas senhoras faziam artesanatos meio que no modo automático. Pareciam fazer parte daquela paisagem, não gostavam de fotos e falavam apenas o necessário. Entre pedras e mantas de lã de alpaca, elas vendiam folha e bala de coca para quem precisava respirar melhor. Uma paisagem linda, um aprendizado e tanto.
As Salinhas, o Salar de Jujuy
Quase duas horas depois de sair do hotel, com direito aos conhecimentos do Jesus, chegamos nas Salinas Grandes. Também conhecidas por Salar de Jujuy É o terceiro maior salar do mundo, depois do Salar de Uyuni, na Bolívia e do Salar de Arizaro, na Argentina.
A estrada passa no meio e tem um estacionamento para os carros. Para caminhar nesta parte que fomos, não precisa pagar nada e pode ficar o tempo que quiser. O interessante é ver essas pequenas piscinas de extração de sal, onde os olhos não conseguem acompanhar o fim da imensidão branca.
São mais de 200 quilômetros quadrados de área e os viajantes se espalham das piscinas para fazer as fotos mais criativas possíveis. O sal tem 30 centímetros de espessura e se forma através da evaporação. Embaixo desta imensidão branca, tem água.
Se você quiser ir além e conhecer as piscinas maiores, chamadas de ojos de sal, e andar de carro pelo deserto de sal, é necessário contratar um guia no local. Na ápoca, em dezembro de 2019, custava cerca de 50 reais por pessoa.
Achamos que o espaço free era mais que suficiente para se apaixonar pelo lugar. Jesus nos deu todas as dicas de banheiro (tem que pagar 2 reais) e locais para conhecer. Nos esperou por uma hora. Ah, filtro solar e óculos de sol são indispensáveis. Além de água e uma proteção para os ombros. O sol e o sal queimam a pele.
A viagem de volta foi um momento de agradecer. Pela oportunidade, pela natureza, pelo momento. A viagem com o Jesus custou 200 reais, levou quase o dia todo e nos ensinou coisas para a vida toda. Conhecer as Salinas Grandes foi apenas um pedaço do caminho.
O fusca também foi
Na ida para o Chile, o Fusca também passou pelas Salinas. Paramos para as fotos e seguimos viagem ao destino desta aventura: o deserto do Atacama. Isso, eu conto na próxima vez.
Não deixe de conhecer Purmamarca. Tem post completo aqui.
E ainda dar uma passada em Salta e fazer o free walking tour. Post aqui.
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