Faz muito tempo que o hotel tradicional deixou de ser nossa primeira e única opção de hospedagem em viagens. Começamos procurando hostel, depois passamos a encontrar lugares legais no AirbnB, já ficamos em B&B e ainda queremos experimentar o Couchsurfing.
Conforme vamos mostrando nas redes sociais e contando aos amigos, muitas perguntas chegam: qual é a diferença entre hotel e hostel? O que é esse tipo de hospedagem? Vocês dividem quarto com outras pessoas? Tem serviço de quarto? Pensando nisso, resolvi escrever esse post e tentar contar um pouco mais sobre o conceito do hostel e como tudo funciona. Tudo escrito aqui é baseado nas nossas experiências. Primento vou escrever as respostas e depois conto algumas histórias e mostro fotos de lugares que já ficamos. Vamos lá:
Sempre começo respondendo as perguntas – seja qual for a ordem delas – dizendo que hostel é uma experiência cultural. Enquanto no hotel a gente recebe a chave do quarto e quase nunca conversa com nosso “vizinho” de quarto, no hostel os hóspedes se tornam amigos, interagem, dividem espaços e até saem juntos para tours, baladas ou caminhadas.
Essa interação toda acontece porque o conceito do hostel é compartilhar. Pensa assim: hotel é um prédio com quartos separados, uns mais novos e outros mais antigos. O hostel geralmente é uma casa grande antiga remodelada ou um prédio moderninho onde as pessoas podem compartilhar os espaços.
Os quartos são compartilhados e podem ter capacidade de 2, 20 ou mais pessoas. Todas as camas são individuais e, dependendo do hostel, tem uma cortina que separa cada cama, oferecendo mais privacidade. Às vezes esses quartos compartilhados têm ar condicionado ou um ventilador individual para cada cama. Os banheiros também são compartilhados e, em muitos casos, ficam fora do quarto. Tem hostel que oferece a toalha, tem hostel que não. E tem aqueles que cobram um adicional para usá-las. Isso é importante sempre conferir na hora da reserva.
Aí você me pergunta: vocês dormem com outras pessoas? Não. Nós, como casal, preferimos sempre reservar quarto privado e, quando tem opção, banheiro privado – disponível em quase todos os hostels. Isso não nos impede de conhecer as pessoas no café da manhã na cozinha, para uma cerveja na varanda ou um jogo de sinuca no meio de uma festa.
Sempre é bom estar na cozinha
A cozinha é outra grande atração: geralmente o hostel tem café da manhã incluso na diária e todo mundo senta nas mesas compartilhadas na cozinha. A geladeira, o fogão e todos os utensílios podem ser usados pelos hóspedes em qualquer momento do dia. A regra é sempre a mesma: limpar toda a louça que utilizar, incluindo no café da manhã. Cada um lava o que usou, bem diferente do hotel.
Os que oferecem lavanderia têm um ponto a mais conosco: geralmente a gente compra um sabão no mercado para lavar nossas roupas no hostel, principalmente quando a viagem passa de uma semana. Mas essa opção de lavanderia nem sempre tem e, em muitos casos, buscamos uma próxima ao hostel.
Falando em limpeza:
Os banheiros sempre são limpos uma ou mais vezes por dia. A cozinha também geralmente passa por uma faxina oferecida pelo hostel, assim como as áreas comuns. Não tem serviço de quarto todo dia, como em um hotel tradicional. E as toalhas de banho e lençóis também não são trocados. Uma vez ficamos em um hostel por 5 noites e tivemos a limpeza do quarto uma vez. É o estilo, sem julgamentos! Nas áreas comuns, como bares ou pátios, é permitido beber (inclusive a maioria tem cerveja e vinho para vender) e se divertir com piscina ou mesa de sinuca ou sofás enormes. Tudo para garantir a diversão e interação de quem está por lá.
O preço do hostel é menor que um hotel tradicional?
Sim! Além do preço ser mais em conta, o hostel é uma ótima opção para quem quer viajar sem gastar muito – justamente porque você se sente em casa e pode cozinhar e economizar. Vale bastante a pena ficar em um quarto compartilhado. Já vimos por 35 reais a noite em alguns casos. Mas no nosso, quarto privado, o valor é um pouco mais alto.
Ah, e esteja preparado para treinar seu inglês ou espanhol, tentar um francês ou simplesmente fazer mímica. Estando aberto para a experiência já é meio caminho andado para a comunicação fluir.
E sobre segurança?
Muitos dos hostels possuem segurança por 24h na portaria, assim como os hoteis. Alguns deles têm câmera, outros têm cadeados dispoíveis. A recomendação é sempre cuidar para não levar ítens de muito valor na viagem e esconder seu dinheiro e passaporte, já que é um lugar com movimento de pessoas.
Ah, nunca vi criança em hostel, até porque rola algumas festinhas e tem barulho.
Falando nisso: animação dia e noite!
A administração do hostel promove atividades para ajudar ainda mais a integração dos hóspedes. Já vi aulas de culinária local, tours pela cidade, jogos e festinhas. Super indico! Para encarar um hostel, que você precisa estar de boa com o desapego: às vezes tem um pouco de barulho e muitas vezes a interação social é prioridade. Então o perfil de quem fica em hostel geralmente é de quem busca conhecer culturas, comidas, lugares. Partiu?
Aqui seguem alguns exemplos de diferentes hostels que já ficamos com pequenas histórias que já vivemos:
O mais recenete: Hostel la Akbahaca. Tilcara, em Jujuy, na Argentina. Dezembro de 2019:
Uma casa antiga adaptada para uma grande família: um casal (ela argentina e ele italiano) com o irmão dela (um argentino super querido), mantém o Hostel la Albahaca que consegue abrigar mais de 30 pessoas de diferentes lugares do país vizinho e outros extrangeiros, como nós. Chegamos tímidos e fomos recebidos por um dos funcionários (outro italiano que também era jornalista) que nos deu dicas de bons restaurantes na cidade e nos mostrou como a casa funcionava. Uma varanda e uma cozinha compartilhada, nosso quarto na parte externa e sem muita frescura: a casa é sua!
Voltamos do jantar e já conhecemos uma turma de meninas que estavam cozinhando. Uma garrafa de vinho e, no dia seguinte, mais conversa. Na noite seguinte: a turma se encontrou sem querer na varanda. Mais vinho, um violão e uma música em comum: o Ilariê. Sim, a música da Xuxa que todos sabiam cantar foi o auge de uma noite que terminou com dança, música e muito vinho pelos bares da cidade. Luna de Tilcara eu aprendi a cantar. Mas mais do que isso: a energia positiva daquela casa ganhou nosso coração e o hostel entrou para a lista dos mais legais que já ficamos.
O pátio com nuvens e redes: Prisamata. Em Salta, Argentina. Dezembro de 2019:
A pressa mata. Isso é o que significa o nome do hostel que ficamos em Salta. A fachada da frente esconde o pátio com nuvens de algodão e o teto que abre e fecha. Para deixar ainda mais o ambiente descontraído: um pátio cheio de plantas, redes e almofadas espalhadas. Uma delícia para pensar na vida, sem pressa. Ficamos ali 4 noites. Recomendamos pelo astral, pela limpeza, pelo preço, pela localização e pela vibe.
Do prédio antigo ao bar com risadas: Hostel Blues. Em Bratislava, na Eslováquia. Junho de 2018
Chegar da Bratislava não foi uma tarefa fácil: pegar um trem da Rpublica Tcheca para a Eslováquia sem entender nada das placas ou das informações foi uma aventura e tanto. Caminhamos pelo centro da cidade por alguns minutos e vimos o prédio antigo, de esquina. Meio assustador. Mas foi só pegar o elevador antigo e chegar na recepção que tudo passou: parecia um bar. Gente de todos os cantos do mundo, línguas que se entendiam das mais diferentes formas. Espaçoso, limpo, bem localizado, alto astral. O medo nunca mais apareceu.
O mais chique: NYAH. Em Key West, na Flórida, nos Estados Unidos. Dezembro de 2014:
Depois de quase três dias viajando de carro saindo de Iowa para a Flórida, chegamos em Key West já surpreendidos com a beleza da estrada e ganhamos uma surpresa. O hostel NYAH parecia por fora uma casa simples, mas bastou abrir a porta para perceber que ali tudo surpreendia. Piscinas, happy hour com vinho liberado e queijinhos, limpeza top, quarto bem arejado e tudo super bem decorado. Uma galera animada. Uma boa play list. Um lugar par ficar uma semana. Não aceita crianças, tem bicicletas para emprestas e tem um astral muito legal. Uma boa surpresa, sem dúvida.
Sempre uma baladinha: Milhouse, em Buenos aires, na Argentina. Janeiro de 2010 e Outubro de 2013.
Acho que foi nossa primeira vez em um hostel, lá em 2010. O quarto era individual, com banheiro e banheira. Além do banho de espumas com vinho e espumante direto no bico da garrafa, rolou festinhas na área comum. Cada noite um tema diferente. Espaço para jogar sinuca, computador para conferir as notícias, uma boa agenda de diversão com tours, festas, guias e jogos. Foi a experiência que a gente precisava para confirmar que hostel realmente vale a pena!
Sem fotos 🙁
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