Cordilheira dos Andes de fusca e com neve – A VOLTA!
Contei neste post aqui sobre a nossa viagem de fusca de Mendoza, na Argentina, até a chegada no Chile, pela Cordilheira dos Andes. Depois que passou a fronteira, o fusca fez passeios por Santiago (com passeio na Concha e Toro), Valparaíso (aqui) e deu uma voltinha em Viña del Mar.
No dia 2 de outubro de 2013 voltamos para a Cordilheira, sentido Chile-Argentina. Começamos a subir Los Caracoles no meio da manhã. Estava -2 graus. Firme e forte, o fusca subiu as curvas da estrada com 670 metros de aclive. No meio do trajeto, a chuva fina se transformou em neve. E não parou. Ela foi engrossando e a paisagem foi ficando branquinha.
A velocidade do fusca diminuiu pela segurança e para apreciar o momento. Passamos pela fronteira sem desligar o carro porque, se desligasse, o motor não ligava mais por conta do frio.Paramos no Parque Aconcágua e vimos uma paisagem bem diferente de poucos dias atrás. Confere aí:
Dez quilômetros depois, chegamos ao nosso destino: Los Penitentes, no Hostel Refúgio Cerro Aconcagua, onde passamos a noite na montanha. E que noite!
A vida tranquila da comunidade Los Penitentes fica agitada na alta temporada de neve, em junho, julho e agosto. A vila possui alguns hotéis e uma pequena estação de esqui. O nome do povoado, segundo os moradores, é em homenagem às montanhas que cercam o vilarejo e lembram padres rezando.
Naquele dia o nosso hotel era o único aberto. E nós, os únicos hóspedes. Já achei isso estranho. A pessoa que nos atendeu na recepção também me chamou a atenção: um senhor de pouco sorriso usando um avental um pouco sujo. Pedi a senha do wifi e ele disse: “aqui internet não existe. Só uma linha de telefone que funciona quando não neva muito”. Ele que cuidava a recepção, ajudava na cozinha cozinhava e servia a comida. Enquanto o cenário todo me assustava, o Xande abria o vinho.
O quarto era simples. Uma cama de casal e outra de solteiro, a janela do banheiro com vista para a montanha. Nada de luxo, mas tudo limpo. Custou na época 265 reais (pago em dinheiro porque na época não tinha cartão no hotel) com café da manhã e jantar. E falando em jantar… servido às 20h em ponto.
Eu pedi uma massa a bolonhesa pensando em algo artesanal acompanhado por um vinho naquele frio. Recebi um espaguete morno com molho de tomate pronto. O Xande pediu bife e batata frita: tudo quente e bem mais gostoso.
Do nada, no meio do jantar, a luz acabou. Pronto. Foi neste momento que meu coração disparou e eu comecei a me despedir. Sim, nós no meio da montanha, sem conexão com o mundo e sem luz… só poderia ter um final trágico.
Cheguei a gravar vídeo de despedida para a família e amigos. Até que veio o senhor com a lanterna para contar que, mesmo sem ninguém, os outros hotéis precisam estar com a calefação ligada em caso de neve. Houve uma sobrecarga de energia e a queda de luz. Que alívio!
Terminamos de comer, fomos visitar o fusca e olha só o presente: neve!
Voltamos para o quarto. Segunda garrafa de vinho aberta e o medo continuava na minha cabeça. Coloquei sozinha a cama de solteiro de ferro com todas as nossas coisas em cima, na porta. Ainda não estava tranquila, mas dormi bem.
Na manhã seguinte, quem disse que conseguia colocar a cama no lugar para abrir a porta. Xande deu risada e me ajudou. Chegamos para o café, bem simples e gostoso, e corremos para ver o fusca. Outra imagem que não vamos esquecer: Dia lindo de sol, nenhum final trágico, duas garrafas de vinho para a conta.
Bora seguir viagem.
Fomos ver a Ponte del Inca, que já estava coberta de neve e diferente do dia em que subimos:
E o resto desta aventura conto daqui uns dias. Tem a estrada até Buenos Aires, tem mais foto, tem mais história para contar. É o que mais vale nessa vida, né? 🙂
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