Como foi subir a Cordilheira dos Andes de Fusca – A ida!
A aventura mais famosa do fusca até hoje foi subir a Cordilheira dos Andes, entre a Argentina e o Chile. Saímos de Horizontina, no Rio Grande do Sul, em 2013. Passamos por Villa Carlos Paz, depois Mendoza, até subir a montanha!
Deixamos o terreno plano de Mendoza em uma manhã de setembro, fazia mais ou menos 15 graus e o dia estava ensolarado. A sensação de ver o topo da montanha coberto de neve foi algo incrível. Eu sinceramente estava com medo do fusca não aguentar a altitude, mas confiei nele e no Xande.
Pegamos a Ruta 7 e começamos a subir. Fomos devagar, apreciando a transformação da paisagem. Aos poucos as rochas em tons de marrom e esculturas naturais moldadas pelo vento tomaram conta da paisagem.
Passamos perto de pontes e trechos antigos de uma velha estrada interditados por queda de pedras e túneis muito estreitos. Aqui, o fusca estava de boa.
Difícil colocar neste texto a sensação de estar no meio da Cordilheira. Me senti realmente uma formiguina no meio da imensidão da natureza. No caso, duas formiguinhas dentro do fusquinha!
A primeira parada foi a represa Potrerillhos, 65km de Mendoza. Ela foi construída entre 1999 e 2003 para guardar a água de degelo da Cordilheira e para abastecer as cidades na região e fazer a irrigação dos vinhedos. A água chega marrom e fica limpinha depois da decantação natural. Os tons de azul e verde, que se contrastam com o marrom das pedras, é incrível.
O lago tem cerca de 140 metros de profundidade – quando está no seu nível máximo – e 12 km de comprimento. O lugar tem um pequeno estacionamento e não possui banheiros ou lojas. No verão tem como fazer canoagem, andar de caiaque, windsurf e outras atividades. Ficamos por alguns minutos e seguimos subindo a montanha. Vale a pena a parada!
O passeio continuou por mais algumas curvas até chegarmos em Uspallata, a maior cidade da montanha, mas que tem menos de 8 mil habitantes. Tem restaurantes, lanchonetes e hotéis.
Nesta cidade foi gravado o filme Sete Anos no Tibet e é fácil encontrar uma foto do Brad Pitt com os moradores locais nas paredes dos estabelecimentos. A cidade é parada obrigatória para quem sobe na Cordilheira. Vale a pena comer uma empanada argentina e apreciar o atmosfera do lugar.
Tem um caixa eletrônico, mas não funcionou conosco. Ali também é importante abastecer. No único posto de gasolina da cidade, tem uma placa dizendo: próximo posto: 200km. Assim fizemos!
A próxima parada foi a Ponte del Inca, uma formação natural que beira o rio Las Cuevas. Ali existiu um famoso hotel de banhos termais, por volta de 1925. Ele foi fechado depois de uma tempestade de neve. A alta concentração de sais minerais são responsáveis pelos diferentes tons de laranja e marrom. Hoje o local é isolado para conservação e recebe turistas diariamente.
As barraquinhas de artesanato fazem a festa dos visitantes e a alegria da pequena comunidade que mora por lá. O comércio é o sustento deles. Tem roupas, bijuterias feitas com pedras, ímãs de geladeira e outras coisinhas vendinhas em real, peso ou dólar. Ali também tem um pequeno restaurante, com banheiro e alguns lanches.
Começamos a perceber que o fusca estava cansado. Andava devegar e estava esquentando. Aí, passamos por uma placa onde dizia a altitude: mais de 3 mil metros acima do nível do mar. Então entendemos o motivo do cansaço. Mas ele não parou!
Chegamos no Parque Provincial Aconcagua logo depois das 13h. O parque existe desde 1983, tem 71 mil hectares e fica a 180 km de Mendoza. Tem banheiros, água e uma central de informações. Mesmo com o frio de 2 graus e o vento gelado no rosto, ficamos apreciando o lugar por uns minutos.
Ali existe uma trilha (cerca de 1h30min de caminhada ida e volta) que é possível fazer bem de boa. Dela chegamos ao ponto mais próximo para ver o começo da montanha, que é o ponto mais alto da América do Sul: 6.962 metros acima do nível do mar. Mas neste dia acabamos não fazendo a trilha porque estava ficando tarde e o nosso plano era chegar em Santiago antes do anoitecer. Além do frio e do vento.
Já em 2018, quando fui com uma amiga, a paisagem estava completamente diferente: menos neve, 15 graus e quase sem vento. Desta vez caminhei pela trilha, que é bem organizada e de fácil acesso. Vou fazer um parênteses aqui só para mostrar a diferença de paisagem entre setembro de 2013 e março de 2018. Olha só:
Voltando ao fusca… No meio do caminho, um policial
Tudo parecia lindo até que, quando estávamos quase na fronteira com o Chile, na última parada policial da Argentina, eis que fomos revistados. Enquanto uns “gendarma” só queriam tirar foto e matar a curiosidade sobre o fusca – já que não tem fusca na Argentina – aquele policial nos revistou.
Nos fez sair do fusca, na neve, no frio. Pediu os documentos e revistava. Ele não entendia como o motor não estava na parte da frente. Também não acreditou quando falamos que estávamos vindo do Brasil e queríamos ir até o Pacífico. Questionou mais sobre o carro, sobre os documentos, tudo ok. Colocou um pastor alemão dentro do fusca. O cachoro saída de boa, sem esboçar nenhum farejo suspeito. Ele colocava o cão novamente dentro o fusca. E o bichinho saída pela outra porta. E nós passando frio.
Não contente, começou a dar socos e chutes na parte interna, tentando talvez encontrar um fundo falso que nunca existiu. Quinze minutos depois… liberados. E seguimos.
Passamos a fronteira com o Chile, ufa!
Depois do papo com o policial, passamos pela revista da aduana. O processo é demorado, levou cerca de uma hora. Você estaciona o carro, entrega os documentos e acompanha a vistoria do pessoal da vigilância sanitária. Vou escrever um post sobre isso em breve. Mas depois desta etapa, chegamos ao Chile. UFA!
Descemos uma das estradas mais incríveis que já conhecemos: Los Caracoles, com inúmeras curvas acentuadas com declive de 670m em poucos quilômetros, na encosta da Cordilheira. É surreal.
Mas o resto desta história eu conto aqui. Tem a volta, a subida dos Los Caracoles, tem a neve, tem a noite que eu pensei que íamos morrer. Confere lá!
E tem mais:
Confira como é andar de bike nas vínicolas de Mendoza aqui.
Tire suas dúvidas sobre Carta Verde aqui e permissão internacional de motorista aqui.
Ah, e dá uma olhada no roteiro em Valaparaiso, no Chile aqui.
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